O Museu da Casa Brasileira entre legitimidade cultural e boa-vontade democrática
Visualizações: 199DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.982Palavras-chave:
democratização, distinção, políticas culturais, Museu da Casa Brasileira, São PauloResumo
Este artigo investiga como o Museu da Casa Brasileira, situado no antigo solar de um casal da elite paulistana, atende às demandas contemporâneas de “democratização cultural”. Se, no momento de sua fundação, o museu hesitou entre priorizar o mobiliário artístico representativo das classes dirigentes e, inversamente, as peças de valor histórico e antropológico emblemáticas de todos os grupos sociais do país, pode-se dizer que tal impasse se mantém operante até os dias atuais. A análise de documentos institucionais e de entrevistas com os responsáveis pelos principais setores da instituição revela uma política cultural dualista: ao promover tanto o design “erudito” valorizado pelo público cultivado quanto o referencial cotidiano da casa prezado por visitantes não versados em arquitetura doméstica, o MCB preserva sua legitimidade no universo dos experts e, a um só tempo, sinaliza sua “boa-vontade democrática”.
Downloads
Referências
Barbosa, Ana Mae. (1989). Arte-educação em um museu de arte. Revista USP, 2, 125-132. https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/25467/27212.
Botelho, Isaura. (2003). Os equipamentos culturais na cidade de São Paulo: um desafio para a gestão pública. Revista Espaço e Debates, 23 (43-44), 1-19.
Bourdieu, Pierre. (2008) A distinção: crítica social do julgamento. Edusp. (Trabalho original publicado em 1979)
Bourdieu, Pierre, & Darbel, Alain. (2007) O amor pela arte: os museus de arte da Europa e seu público. Editora da Universidade de São Paulo. (Trabalho original publicado em 1966)
Brasil. Presidência da República. Lei nº 11.904 de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de Museus e dá outras providências. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11904.htm
Brulon, Bruno. (2020, 5 out.). O Museu Integral-Integrado: que descolonização para os museus da América Latina? [Conferência ICOM Chile]. XV Conferência do Museu Chileno. https://www.icom.org.br/?p=2081
Caselato, Eleonora S. (org.). (2018). Oficina da palavra: memórias e momentos no Museu da Casa Brasileira. Editora Cajuína.
Dabul, Lígia. (2008). Museus de grandes novidades: centros culturais e seu público. Horiz. antropol., 14 (29), 257-278.
Duval, Julien. (2020). L’amour de l’art. Les musées et leur public. In: G. Sapiro. Dictionnaire international Bourdieu (pp. 24-25). CNRS Éditions.
França, Ana Paula, & Corrêa, Ronaldo. (2016). Estratégias expográficas na mostra 29º Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira: entre a contemplação e a crítica. In: 12º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, 9, 675-684. DOI: 10.5151/despro-ped2016-0058
Gonçalves, Lisbeth R. (2004) Entre cenografias: o museu e a exposição de arte no século XX. Edusp.
Guerra, Wilton. (2015). O projeto de Ernani Silva Bruno: uma discussão sobre as bases de criação, implantação e gestão do Museu da Casa Brasileira (1970-1979). (Tese de Doutorado em História, Universidade de São Paulo). https://doi.org/10.11606/D.103.2015.tde-12112015-155635
IBRAM. (2018). Formulário de visitação anual: resultados FVA 2018. Coordenação de Produção e Análise da Informação. https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2020/01/RESULTADOS-FVA-2018.pdf
IBRAM. (2012). Política nacional de educação museal (PNEM). https://pnem.museus.gov.br/
ICOM Brasil. (2020). Dados para navegar em meio às incertezas: resultados da pesquisa com profissionais e públicos de museus. https://www.icom.org.br/wp-content/uploads/2020/11/20201119_Tomara_ICOM_Ciclo2_FINAL.pdf.
Johnston, Josée, & Baumann, Shyon. (2017). Democracy versus distinction: a study of omnivorousness in gourmet food writing. American Journal of Sociology, 113, 165-204. https://doi.org/10.1086/518923
Leiva, João. (2018). Cultura nas capitais: como 33 milhões de brasileiros consomem diversão e arte. 17 Street Produção Editorial. https://www.culturanascapitais.com.br/wp-content/uploads/10810_Livro_Web.pdf
Leon, Ethel. (2012). Design em exposição: o design do Museu da Arte Moderna do Rio de Janeiro (1968-1978), na Federação das Indústrias de São Paulo (1978-1984) e no Museu da Casa Brasileira (1986-2002). (Tese de Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo, Universidade de São Paulo). https://doi.org/10.11606/T.16.2013.tde-04042013-11533
Mayer, Arno. (1990). A força da tradição: a persistência do antigo regime. Companhia das Letras.
Miceli, Sérgio. (1996). Imagens negociadas: retratos da elite brasileira. Companhia das Letras.
MCB. (2020a). Lançamento do catálogo da exposição 'Casas do Brasil: Conexões Paulistanas. [Vídeo]. Youtube, 2020a. https://www.youtube.com/live/GdpLgQ4jq4Q?si=Sc_cuCwcRl028toH
MCB. (2020b). Visita orientada virtual pela mostra ‘Casas do Brasil: conexões paulistanas’. [Vídeo]. Youtube. https://youtu.be/hU95JSIuhrM?si=smxu-kzoT7EqKwFv
MCB. (2020c). Memória Prêmio Design MCB | Miriam Lerner, diretora geral do Museu da Casa Brasileira. [Vídeo]. Youtube. https://youtu.be/-uxHVjAX3Qw?si=5f0SfGBvSGDi-GlT
MCB. (2018). Relatório Anual de Atividades 2017. https://www.transparenciacultura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2022/07/Relatorio-Atividades-Anual-2017-ACASA-10-2016.pdf
MCB (2016). CECAP - Guarulhos. [Vídeo]. Youtube. https://youtu.be/AO7XjM_hnZk?si=zR_5yTZelkTMVsw4
MCB. (2015). Prêmio de Design. [Vídeo] Youtube, https://youtu.be/T9fDdtDG32s?si=YgHcO8MAj-DI4w6B
Puig, Renata G. (2011). A arquitetura de museus-casa em São Paulo: 1980 – 2010. (Dissertação de Mestrado em Estética e História da Arte, Universidade de São Paulo). https://doi.org/10.11606/D.93.2011.tde-11072012-103841
Puig, Renata G. (2018). Biografia da casa-museu: entre o privado e o público. Adaptações de casas-museus em São Paulo. (Tese de doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo, Universidade de São Paulo). https://doi.org/10.11606/T.16.2019.tde-11012019-150702.
Pulici, Carolina. (2011). O gosto dominante como gosto tradicional: preferências e aversões estéticas das classes altas de São Paulo. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, 91, 123-139.
Pulici, Carolina (2014). Senso de Dignidade Social e Outras Especificidades de um Habitus Dominante. In: A. El Far, & A. Barbosa, & J. Amadeo (orgs.). Ciências Sociais em Diálogo: Sociedades e suas Imagens. (pp.101-136) São Paulo: Fap-Unifesp.
Rosatti, Camila. (2019). Habitar o moderno: habitus e estilo de vida conformando os modos de morar. PROA Revista de Antropologia e Arte, 2 (9), 18 - 46. https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/proa/article/view/3349.
Santos, Tamira Naia dos. (2016). Fundação Crespi-Prado: trajetória de uma coleção museológica. (Dissertação de Mestrado em Museologia, Universidade de São Paulo) https://doi.org/10.11606/D.103.2017.tde-27092016-143828.
Shiraishi, Juliana. (2021). A cada público a sua arte: o Museu da Casa Brasileira entre a educação e a distinção cultural (Trabalho de conclusão de curso em Licenciatura em Ciências Sociais, Universidade Federal de São Paulo).
Zolberg, Vera L. (2015). Barreira ou nivelador? O caso do museu de arte. In: M. Lamont, & M. Fournier. (orgs.) Cultivando diferenças: fronteiras simbólicas e a formação da desigualdade. (pp. 255-282). Edições Sesc São Paulo.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Juliana Cristina Shiraishi, Carolina Martins Pulici
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).