Familismo à brasileira

das interpretações do país à construção de um modelo teórico-metodológico

Visualizações: 194

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20336/rbs.915

Palavras-chave:

família, teoria sociológica, história das ciências sociais, sociologia brasileira

Resumo

Este artigo pretende analisar como a noção de família dirigente foi abordada na produção sociológica nacional e quais as principais dificuldades inerentes aos usos das abordagens em termos teórico-metodológicos. Trata-se, primeiramente, de analisar como o pensamento social brasileiro, enquanto área de estudo, consolida-se ao abordar esta temática, salientando o impacto da construção dessa área para compreensão da noção de família e nação como categorias imbricadas. Em seguida, abordamos como a noção de família compõe as interpretações sobre o país e suas respectivas particularidades. E, por fim, sugerimos, a partir da noção de parentela, uma alternativa para pensar os problemas de ordem teórica e metodológica no estudo das famílias e grupos dirigentes no Brasil. Tais resultados evidenciam a pertinência de uma agenda de pesquisa que possibilite o desenvolvimento de “perspectivas não eurocêntricas” tanto na compreensão de sociedades como a brasileira quanto no ensino da história dos conceitos e das categorias sociológicas de entendimento de realidades desse tipo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Wilson José F. de Oliveira, Universidade Federal de Sergipe

possui bacharelado (1991) e licenciatura (1995) em Ciências Sociais, mestrado em Sociologia (1995) e doutorado em Antropologia Social (2005). Atualmente é professor Associado 3 da Universidade Federal de Sergipe (UFS), no Departamento de Ciências Sociais (DCS), no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) e no Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGA). Bolsista Produtividade Nível 2 - CNPq, tem formação e experiência profissional em Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Pesquisa na área de Etnografia Política: ou seja, com base na imersão etnográfica no universo dos significados, das instituições e das práticas nativas, trata-se de apreender as condições, as gramáticas e as práticas políticas de formação e de transformação de organizações, categorias e grupos diversificados, de construção de suas causas e de operacionalização de ações públicas. Dentro dessa perspectiva e problemática geral, sua agenda de pesquisa tem privilegiado investigações sobre os seguintes temas: Estado e Administração Pública; Partidos Políticos; Movimentos Sociais; Eventos de Protesto; Defesa de Causas Públicas; Associativismo; Engajamento e Militância Política; Participação Política; Políticas Públicas. É coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS/UFS), do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP/UFS) e pesquisador do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil.

Referências

Bastos, Elide R. (2002). Pensamento social da escola sociológica paulista. In Miceli, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira: 1970-2002 (Sociologia) (p. 183-230). Sumaré.

Bastos, Elide R., & Botelho, André. (2010). Horizontes das ciências sociais: pensamento social brasileiro. In Martins, C. B.; Martins, H. H. T. de S. (orgs.). Horizontes das ciências sociais no Brasil: sociologia (p. 475-496). ANPOCS.

Bourdieu, Pierre. (1989). La noblesse d’État: grandes écoles et esprit de corps. Éditions de Minuit.

Bourdieu, Pierre. (1983). A arte de resistir às palavras. In Bourdieu, P. Questões de Sociologia. (p. 9-15). Marco Zero.

Brasil Jr., Antonio, Jackson, Luiz Carlos, & Paiva, Marcelo. (2020). O pequeno grande mundo do Pensamento Social no Brasil. BIB, 91, 1-38.

Carvalho. José Murillo de. (1966). Barbacena: A Família, a Política e uma Hipótese. Revista Brasileira Estudos Políticos, 20, 153-194.

Connell, Raewyn, & MAIA, João E. (2012) A iminente revolução na teoria social. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 27 (80), 9–20. https://doi.org/10.1590/S0102-69092012000300001

Connell, Raewyn, Collyer, Fran, Maia, João E., & Morrell, Robert (2017). Toward a Global Sociology of Knowledge: Post-colonial realities and intellectual practices. International Sociology 32 (1), 21–37. https://doi.org/10.1177/0268580916676913

Costa, Sérgio. (2010). Teoria por adição. In Martins, C. B., Martins, H. H. T. de S., & Botelho, A. Horizontes das ciências sociais no Brasil. Sociologia (p. 25–51). Bacarolla.

Costa, Sérgio (2006). Desprovincializando a sociologia: a contribuição pós-colonial. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 21 (60), 117-134 https://doi.org/10.1590/S0102-69092006000100007.

Coradini, Odaci Luiz. (2010). A condição em falso: sobre um trajeto de professor e pesquisador em ciências sociais no Brasil. Espacios en Blanco. Revista de Educación, 20, 129-163.

Coradini, Odaci Luiz. (2017). A politização em condições politicistas: alguns problemas analíticos e resultados de trabalhos. Política e Sociedade, 16 (5), 36-75.

Domingues, José Maurício. (2016). Familia, modernización y teoría sociológica. Estudios Sociológicos, 34 (100), 145–167.

Faria, Sheila de C. (1998). A colônia em movimento: fortuna e família no cotidiano colonial. Nova Fronteira.

Fernandes, Florestan. (1973). Capitalismo dependente e classes sociais na América Latina. Zahar.

Freyre, Gilberto. (1994/1933). Casa Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. Record.

Holanda, Sérgio Buarque de. (2004/1936) Raízes do Brasil. 26ª edição. Companhia das Letras.

Itaboraí, Nathalie, R. (2005). A família colonial e a construção do Brasil: Vida doméstica e identidade nacional em Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Nestor Duarte. Anthropológicas, 16 (1), 171-196.

Lewin, Linda. (1993) Política e parentela na Paraíba. Record.

Lynch, Christian Edward C. (2013). Por que pensamento e não teoria? Dados, 56 (4), 727-767. https://doi.org/10.1590/S0011-52582013000400001

Miceli, Sergio. (1999). Intelectuais brasileiros. In Miceli, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). (p., 109-147). Sumaré.

Miceli, Sergio. (1995). O Cenário Institucional das Ciências Sociais no Brasil. In Miceli, S. (org.) História das ciências sociais no Brasil. Vol. 2. (p. 7-24). Sumaré.

Miceli, Sergio. (1989). Condicionantes do Desenvolvimento das Ciências Sociais. In Miceli, S. (org.) História das ciências sociais no Brasil. Vol. 1. (p. 72-110). Sumaré.

Oliveira, Lúcia L. (1999). Interpretações sobre o Brasil. In Miceli, S. (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). (p. 147-181). Sumaré.

Pécaut, Daniel (1990). Os intelectuais e a política no Brasil. Ática.

Peirano, Mariza. (1992). Uma antropologia no plural: três experiências contemporâneas. Ed. UnB.

Peixoto, Fernanda A. (1989). Franceses e norte-americanos nas ciências sociais brasileiras (1930-1960). In Miceli, S. (org.). História das ciências sociais no Brasil. Vol. 1. Idesp.

Petrarca, Fernanda R. (2020). Composição social, critérios de seleção e lógicas de recrutamento da elite médica em Sergipe. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 35 (104), e3510403.

Petrarca, Fernanda R. (2019). Entre jalecos, bisturis e a arte de fazer política. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, 26 (2), 573-591.

Petrarca, Fernanda R. (2017). De Coronéis a Bacharéis: reestruturação das elites e medicina em Sergipe (1840-1900). Revista Brasileira de História, 37 (74), 89–112.

Petrarca, Fernanda R., & Oliveira, Wilson José F. (2018). Inovações temáticas, “guinadas” teóricas e tradição intelectual no Brasil. Revista Brasileira de Sociologia - RBS, 6 (14), 34-62.

Petrarca, Fernanda R., & Oliveira, Wilson José F. (2017). Parentelas, grupos dirigentes e alianças políticas. Política & Sociedade, 16 (37), 191–224.

Petrarca, Fernanda R., & Oliveira, Wilson José F. (2016). Os estudos de elites no Brasil: um ensaio crítico sobre a produção recente. In Reis, Eliana T., Grill, Igor G. (orgs.). Estudos sobre Elites Políticas e Culturais. Vol. 2. (p. 141–165). EDUFMA.

Prado Júnior, Caio. (1942). Formação do Brasil contemporâneo: colônia. Martins.

Queiroz, Maria Isaura P. (1989). O Brasil dos cientistas sociais não brasileiros: ensaio metodológico. Texto apresentado no GT: Sociologia da Cultura Brasileira, XIII Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu - 23 a 27 de outubro de 1989.

Queiroz, Maria Isaura P. (1976). O Mandonismo local na vida política brasileira e outros ensaios. Editora Alfa-Ômega.

Rosa, Marcelo C., & Ribeiro, Matheus A. P. (2020). Como se faz teoria socia no Brasil? Hagiografia, extroversão intelectual e avanços (2010-2019). In Campos, L. A. et al. orgs.), Ciências Sociais Hoje: Sociologia. Vol. 3. (p. 202–20). Zeppelini Publishers.

Ramos, Alberto Guerreiro. (1957). Introdução Crítica à Sociologia Brasileira. Editora UFRJ.

Saint-Martin, Monique. (1995). Reconversões e reestruturações das elites: o caso da aristocracia em França. Análise Social, 30 (134), 1023-1039.

Samara, Eni de M. (1987). Tendências atuais da história da família no Brasil. In: Almeida, A. M. et al. (orgs.). Pensando a família no Brasil: da colônia à modernidade. Espaço e Tempo.

Sorá, Gustavo (1998). A construção sociológica de uma posição regionalista: reflexões sobre a edição e recepção de ‘Casa-grande & Senzala’ de Gilberto Freyre. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 13 (36), 121-140.

Tavolaro, Sergio B. F. (2014). A tese da singularidade brasileira revisitada: desafios teóricos contemporâneos. Dados, 57 (3), 633-673.

Tavolaro, Sergio B. F. (2005). Existe uma modernidade brasileira? Reflexões em torno de um dilema sociológico brasileiro. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 20 (59), 5-22.

Villas Bôas, Glaucia. (2010). Para ler a sociologia política de Maria Isaura Pereira de Queiroz. Revista Estudos Políticos, 1 (1), 37–44.

Downloads

Publicado

10/26/2023

Como Citar

Oliveira, W. F., & Petrarca, F. R. (2023). Familismo à brasileira: das interpretações do país à construção de um modelo teórico-metodológico. Revista Brasileira De Sociologia - RBS, 11(28), 203–225. https://doi.org/10.20336/rbs.915