Expansão do ensino superior no Brasil: diversificação institucional e do corpo discente

Visualizações: 1807

Autores

DOI:

https://doi.org/10.20336/rbs.781

Palavras-chave:

ensino superior, políticas de expansão, análise de cluster

Resumo

O artigo analisa os resultados do processo de expansão do Ensino Superior no Brasil, a partir do exame da heterogeneidade dos cursos de graduação, por meio da construção de perfis, considerando as características gerais dos cursos associadas às instituições que os ofertam, sua localização regional e a adoção de políticas de ampliação do acesso ao ensino superior, como bolsas e ações afirmativas. Em um segundo momento, utiliza-se as características dos alunos e dos cursos para compreender em que medida a expansão levou à diversificação do perfil das instituições e do perfil do corpo discente. Para isso, foram utilizados dados do Censo da Educação Superior e da base de dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (2013, 2014 e 2015) por meio de uma análise de cluster de dois estágios e posterior análise descritiva das características de cada cluster. Os resultados indicam que a diversificação institucional alcançada no século 21 tem reflexos no perfil do corpo discente de acordo com o perfil dos cursos com destaque para a heterogeneidade do sistema privado e do perfil dos alunos matriculados nesse nível educacional, reforçando a complexidade, a hierarquia e as desigualdades do ensino superior no país.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Carolina Tomás, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Doutora em Sociologia e Demografia, professora no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC-MG.

Leonardo Souza Silveira, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Doutor em Sociologia, assistente de pesquisa III do IPEA, Diretoria de Estado, Instituições e Democracia.

Referências

Aguiar, Vilma. (2013). Ampliação e diversificação de acesso no ensino superior: a formação do sistema de massa no setor privado (1995-2010) [Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas]. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2013.912118

Amaral Ernesto F. L., Neves, Alan V. C., Silva, Amanda M., & Monteiro, Tairine J. G. (2012). Análise do perfil dos alunos ingressantes na UFMG pela iniciativa do bônus sociorracial. Teoria & Sociedade, 20(1), 85-116.

Barbosa, Maria Lígia O. (2012). The expansion of higher education in Brazil: credentials & merit. REMIE: Multidisciplinary Journal of Educational Research, 2(3), 251-271. https://doi.org/10.1590/S0103-49792015000200006

Barros, Aparecida S. X. (2015). Expansão da educação superior no Brasil: limites e possibilidades. Educação & Sociedade, 36(131), 361-390. https://doi.org/10.1590/ES0101-7330201596208

Barros, Marco Antônio (2005). Ensino do direito: dos primórdios à expansão pelo setor privado. Revista dos Tribunais, 94(832), 83-99. https://dspace.almg.gov.br/handle/11037/33184

Brito, Murillo M. A. (2017). Novas tendências ou velhas persistências? Modernização e expansão educacional no Brasil. Cadernos de Pesquisa, 47(163), 224-263. https://doi.org/10.1590/198053143789

Camargo, Arlete M. M., & Araújo, Israel M. (2018). Expansão e interiorização das universidades federais no período de 2003 a 2014: perspectivas governamentais em debate. Acta Scientiarum, 40(1), e37659. https://doi.org/10.4025/actascieduc.v40i1.37659

Carvalhaes, Flávio, & Ribeiro, Carlos A. C. (2019). Estratificação horizontal da educação superior no Brasil: desigualdades de classe, gênero e raça em um contexto de expansão educacional. Tempo Social, 31(1), 195-233. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2019.135035

Clogg, Clifford C. (1994). Latent class models. In G. Arminger, C. Clogg, & M. Sobel (Org.), Handbook of statistical modeling for social and behavioral sciences (pp. 311-359). Springer Sciences.

Coelho, Edmundo C. (1999). As profissões imperiais: medicina, engenharia e advocacia no Rio de Janeiro, 1822-1930. Record.

Dubet, François. (2015). Qual democratização do ensino superior? Cadernos CRH, 28(74), 255-265. https://doi.org/10.1590/S0103-49792015000200002

Favretto, Juliana, & Moretto, Cleide F. (2013). Os cursos superiores de tecnologia no contexto de expansão da educação superior no Brasil: a retomada da ênfase na educação professional. Educação & Sociedade, 34(123), 407-424. https://doi.org/10.1590/S0101-73302013000200005

Fernandes, Danielle C. (2005). Estratificação educacional, origem socioeconômica e raça no Brasil: as barreiras da cor. IPEA.

Gerber, Theodore P., & Cheung, Sin Yi. (2008). Horizontal stratification in postsecondary education: Forms, explanations, and implications. Annual Review of Sociology, 34, 299-318. https://doi.org/10.1146/annurev.soc.34.040507.134604

Huisman, Jeroen, Lepori, Benedetto, Seeber, Marco, Frølich, Nicoline, & Scordato, Lisa. (2015). Measuring institutional diversity across higher education systems. Research Evaluation, 24(4), 369-379. https://doi.org/10.1093/reseval/rvv021

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2018). Resumo técnico Censo da Educação Superior 2015. [Relatório]. INEP. 2ª edição Brasília-DF. Disponível em https://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/resumo_tecnico/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2015.pdf

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2015a). Censo da Educação Superior, 2015 [Microdados]. INEP. Disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior/resultados

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2015b). Exame Nacional de Desempenho – ENADE, 2015 [Microdados]. INEP. Disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/microdados/enade

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2014a). Censo da Educação Superior, 2014 [Microdados]. INEP. Disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior/resultados

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2014b). Exame Nacional de Desempenho – ENADE, 2014 [Microdados]. INEP. Disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/microdados/enade

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2013a). Censo da Educação Superior, 2013 [Microdados]. INEP. Disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior/resultados

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2013b). Exame Nacional de Desempenho – ENADE, 2013 [Microdados]. INEP. Disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/microdados/enade

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2002). Sinopse estatística do ensino superior [Microdados]. INEP

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (1995). Sinopse Estatística da Educação Superior 1995. [Microdados]. INEP. Disponível em https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-da-educacao-superior/resultados

Jarusch, Konrad. (1983). Higher education and social change: some comparative perspectives. In K. Jarusch (Org.), The transformation of higher education 1860-1930 (pp. 9-36). University of Chicago Press.

Lucas, Samuel R. (2001). Effectively maintained inequality: educational transitions, track mobility, and social background effects. American Journal of Sociology, 106(6), 1642-1690. https://doi.org/10.1086/321300

Marteleto, Letícia, Marschner, Murillo, & Carvalhaes, Flávio. (2016). Educational stratification after a decade of reforms on higher education access in Brazil. Research in Social Stratification and Mobility, 46, 99-111. https://doi.org/10.1016/j.rssm.2016.08.004

Martins, Carlos B. (2013). Reconfiguring higher education in Brazil: the participation of private institutions. Análise Social, 48(208), 622-658.

Martins, Carlos B. (2009). Reforma universitária de 1968 e a abertura para o setor privado no Brasil. Educação & Sociedade, 30(106), 15-35. https://doi.org/10.1590/S0101-73302009000100002

Martins, Carlos B. (2000). O ensino superior brasileiro nos anos 90. São Paulo em Perspectiva, 14(1), 41-60. https://doi.org/10.1590/S0102-88392000000100006

Martins, Carlos B. (1998). Notas sobre o sistema de ensino superior brasileiro contemporâneo. Revista USP, (39), 58-82. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i39p58-82

Menezes Filho, Naercio, & Kirschbaum, Charles. (2019). Education and inequality in Brazil. In M. Arretche, (Org.). Paths of inequality in Brazil (pp. 69-88). Springer.

Prates, Antônio A. P. (2010). Ampliação do sistema de Ensino Superior nas sociedades contemporâneas no final do sec. XIX: os modelos de mercatilização e diferenciação institucional – o caso brasileiro. Estudos de Sociologia, 15(28), 125-146.

Prates, Antônio A. P., & Barbosa, Maria Lígia O. (2015). A expansão e as possibilidades de democratização do ensino superior no Brasil. Cadernos CRH, 28(74), 327-339. https://doi.org/10.1590/S0103-49792015000200006

Prates, Ian. (2018). O sistema de profissões no Brasil: formação, expansão e fragmentação: um estudo de estratificação social [Tese de doutorado, Universidade de São Paulo]. https://doi.org/10.11606/T.8.2019.tde-15022019-124053

Ribeiro, Carlos Antônio C. (2011). Desigualdade de oportunidades e resultados educacionais no Brasil. Dados, 54(1), 41-87. https://doi.org/10.1590/S0011-52582011000100002

Ribeiro, Carlos Antônio C., & Schlegel, Rogerio. (2019). Horizontal stratification in Brazil’s Higher Education (1960–2010). In M. Arretche (Org.), Paths of inequality in Brazil (pp. 89-112). Springer.

Ricoldi, A. & Artes, A. (2016). Mulheres no ensino superior brasileiro: espaço garantido e novos desafios. Ex Aequo, (33), 149-161. https://doi.org/10.22355/exaequo.2016.33.10

Sampaio, Helena. (2011). O setor privado de ensino superior no Brasil: continuidades e transformações. Revista Ensino Superior Unicamp, (4), 28-43.

Santos, Yumi G. (2014). As mulheres como pilar da construção dos programas sociais. Cadernos CRH, 27(72), 479-494. https://doi.org/10.1590/S0103-49792014000300003

Schwartzman, Simon. (2015). Demanda e políticas públicas para o ensino superior nos Brics. Cadernos CRH, 28(74), 267-289. https://doi.org/10.1590/S0103-49792015000200003

Silva, Nelson V. (2003). Expansão escolar e estratificação educacional no Brasil. In N. V. Silva & C. Hasenbalg (Org.). Origens e destinos (pp. 105-138). IUPERJ.

Silva, Nelson V., & Hasenbalg, Carlos. (2000). Tendências da desigualdade educacional no Brasil. Dados, 43(3), 423-445. https://doi.org/10.1590/S0011-52582000000300001

Silva, Tatiana D. (2020). Ação afirmativa e população negra na educação superior: acesso e perfil discente [Texto para Discussão IPEA, 2569]. IPEA. Disponível em https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2569.pdf

Tachibana, Thiago Y., Menezes Filho, Naercio M., & Komatsu, Bruno. (2015). Ensino superior no Brasil [INSPER Policy Paper, n. 14]. INSPER. Disponível em https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2018/09/Ensino-superior-no-Brasil.pdf

UNICEF. (2021). Acesso, permanência, aprendizagem e conclusão da Educação Básica na idade certa: direito de todas e de cada uma das crianças e dos adolescentes: resumo executivo. UNICEF. Disponível em: http://www.mprj.mp.br/documents/20184/1330165/Iniciativa_Global_pelas_Criancas_Fora_da_Escola_-_UNICEF.pdf

Vargas, Hustana M. (2010). Sem perder a majestade: “profissões imperiais” no Brasil. Estudos de Sociologia, 15(28), 107-124.

Zainko, Maria Amélia S. (2009, 26-29 out.). A política de expansão e os desafios da educação superior no Brasil [Apresentação de artigo]. IX Congresso Nacional de Educação, Curitiba. https://educere.bruc.com.br/cd2009/pdf/3265_1714.pdf

Downloads

Publicado

12/31/2021

Como Citar

Tomás, M. C., & Silveira, L. S. (2021). Expansão do ensino superior no Brasil: diversificação institucional e do corpo discente. Revista Brasileira De Sociologia - RBS, 9(23), 149–177. https://doi.org/10.20336/rbs.781