Do Estado ao Empreendedorismo Social: Burocracias cotidianas, risco moral e gestão da vulnerabilidade em uma empresa de regularização fundiária em São Paulo
Visualizações: 1222DOI:
https://doi.org/10.20336/rbs.436Resumo
Nos últimos anos, empresas sociais passaram a oferecer alternativas ao governo da pobreza e a ocupações informais de terra nas periferias urbanas brasileiras. Este artigo baseia-se em pesquisa etnográfica com a maior startup envolvida na mediação de acordos jurídicos de regularização fundiária em São Paulo. Mostramos como tais negócios recriam tecnologias de intervenção tipicamente associadas ao Estado e ao mercado, engajando moradores locais em encontros burocráticos contingentes pelos quais a terra é deslocada para o mercado e residentes são convertidos em mutuários-pagantes. O conceito de burocracias cotidianas ilumina o funcionamento prático e colaborativo dessas infraestruturas como dispositivos de gestão da espera, em que vulnerabilidade, risco moral e associativismo são convertidos em atributos de subjetividades aspirantes que projetam um futuro perfeito de titulação da terra.
Downloads
Referências
BECKERT, Jens. (2016), Imagined Futures: Fictional expectations and capitalist dynamics. 1 ed. Cambridge; London: Harvard University Press.
DEFOURNY, Jacques; NYSSENS, Marthe. (2010), "Social Enterprise". In: HART, Keith; LAVILLE, Jean-Louis; CATTANI, Antonio David. The Human Economy: a Citizen’s Guide. Cambridge; Malden: Polity Press. pp. 284–292.
DELEUZE, Gilles. (2007), Two regimes of madness: texts and interviews 1975-1995. 1 ed. Los Angeles: Semiotext(E). Entrevista concedida a David Lapoujade.
FOUCAULT, Michel. (2008), The birth of biopolitics: lectures at the Collège de France, 1978-79. 1 ed. New York: Palgrave Macmillan.
EGER, Talita J.; DAMO, Arlei S. (2014), "Money and Morality in the Bolsa Família". Vibrant, v. 11, n. 1, pp. 250–284.
GUPTA, Akhil. (2012), Red Tape: Bureaucracy, Structural Violence, and Poverty in India. 1 ed. Durham; London: Duke University Press.
HETHERINGTON, Kregg. (2012), "Promising information: democracy, development, and the remapping of Latin America". Economy and Society, v. 41, n. 2, pp. 127–150.
HETHERINGTON, Kregg. (2016), "Surveying the Future Perfect". In: HARVEY, Penelope; JENSEN, Casper B.; MORITA, Atsuro (ed.). Infrastructures and Social Complexity: A Companion. 1 ed. London: Routledge. pp. 41–50.
HEYMAN, Josiah. (1995), "Putting Power in the Anthropology of Bureaucracy: The Immigration and Naturalization Service at the Mexico-United States Border". Current Anthropology, v. 36, n. 2, pp. 261–287.
HEYMAN, Josiah. (2004), "The Anthropology of Power-Wielding Bureaucracies". Human Organization, v. 63, n. 4, pp. 487–500.
HEYMAN, Josiah. (2012), "Review: Deepening the Anthropology of Bureaucracy". Anthropological Quarterly, v. 85, n. 4, pp. 1269–1277.
HOAG, Colin; HULL, Matthew S. (2017), A Review of the Anthropological Literature on the Civil Service. World Bank Policy Research, Working Paper n. 8081. Washington D.C: World Bank.
HUANG, Julia Q. (2017), "The ambiguous figures of social enterprise: Gendered flexibility and relational work among the iAgents of Bangladesh". American Ethnologist, v. 44, n. 4, pp. 603–616.
HULL, Matthew S. (2012a), "Documents and Bureaucracy". Annual Review of Anthropology, n. 41, pp. 251–267.
HULL, Matthew S. (2012b), Government of Paper: The Materiality of Bureaucracy in Urban Pakistan. 1 ed. Berkeley; Los Angeles; London: University of California Press.
KOPPER, Moisés. (2019), "Políticas Públicas e suas Pós-Vidas: Merecimento e Cidadania Habitacional no Brasil da Mobilidade". Revista Brasileira de Ciências Sociais [no prelo].
LIPSKY, Michael. (1980), Street-Level Bureaucracy: Dilemmas of the individual in public services. Classics of public administration. 1 ed. New York: Russell Sage Foundation.
LOTTA, Gabriela. (2015), Burocracia e Implementação de Políticas de Saúde: os agentes comunitários na Estratégia Saúde da Família. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
MARTINS, Marília dos R. (2015), Negócios Sociais e Antropologia: Dois ensaios em Economia do Desenvolvimento. Dissertação de Mestrado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - Porto Alegre .
MITCHELL, Timothy. (2007), "The Properties of Markets". In: MACKENZIE, Donald; MUNIESA, Fabian; SIU, Lucia (ed.). Do Economists Make Markets? On the performativity of economics. 1 ed. Princeton; Oxford: Princeton University Press. pp. 244–275.
PIRES, Roberto; LOTTA, Gabriela; OLIVEIRA, Vanessa E. de (ed.). (2018), Burocracia e Políticas Públicas no Brasil: Interseções analíticas. 1 ed. Brasília: Ipea; Enap.
RILES, Annelise (ed.). (2006), Documents: Artifacts of Modern Knowledge. Ann Harbor: University of Michigan Press.
SCHUCH, Patrice; VÍCTORA, Ceres G.; SILVA, Sergio B. da. (2018), "As Políticas de Inclusão como Problemática de Engajamento Antropológico". Horizontes Antropológicos, v. 24, n. 50, pp. 7–24.
SCOTT, James C. (1998), Seeing Like a State: How certain schemes to improve the human condition have failed. 1 ed. New Haven; London: Yale University Press.
SEN, Amartya. (1999), Commodities and Capabilities. 1 ed. Oxford: Oxford University Press.
SOTO, Hernando de. (2000), The Mystery of Capital: Why capitalism triumphs in the West and fails everywhere else. 1 ed. New York: Basic Books.
WHITE, Daniel. (2017), "Affect: An Introduction". Cultural Anthropology, v. 32, n. 2, pp. 175–180.
WILKIS, Ariel. (2017), The Moral Power of Money: Morality and economy in the life of urban poor. 1 ed. Stanford: Stanford University Press.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).